domingo, 22 de dezembro de 2013

O presépio

 "Menino, lá em Minas, eu tinha inveja dos católicos. Eu era protestante sem saber o que fosse isso. Sabia que, pelo Natal, a gente armava árvores com flocos de algodão imitando neve que não sabíamos o que fosse. Já os católicos faziam presépios. Os pinheiros eram bonitos mas não me comoviam como o presépio: uma estrela no céu, uma cabaninha na terra coberta de sapé, Maria, José, os pastores, ovelhas, vacas, burros, misturados com reis e anjos numa mansa tranquilidade, os campos iluminados com a glória de Deus, milhares de vagalumes acendendo e apagando suas luzes, tudo por causa de uma criancinha. A contemplação de uma criancinha amansa o universo. O Natal anuncia que o universo é o berço de uma criança.
Até os católicos mais humildes faziam um presépio. As despidas salas de visita se transformavam em lugares sagrados. As casas ficavam abertas para quem quisesse se juntar aos reis, pastores e bichos. E nós, meninos, pés descalços, peregrinávamos de casa em casa para ver a mesma cena repetida e beijar a fita.
Nós fazíamos nossos próprios presépios. Os preparativos começavam bem antes do Natal. Enchíamos latas vazias de goiabada com areia, e nelas semeávamos alpiste ou arroz. Logo os brotos verdes começavam a aparecer. O cenário do nascimento do Menino Jesus tinha de ser verdejante. Sobre os brotos verdes espalhávamos bichinhos de celulóide. Naquele tempo ainda não havia plástico. Tigres, leões, bois, vacas, macacos, elefantes, girafas. Sem saber, estávamos representando o sonho do profeta que anunciava o dia em que os leões haveriam de comer capim junto com os bois e as crianças haveriam de brincar com as serpentes venenosas. A estrebaria, nós mesmos a fazíamos com bambus. E as figuras que faltavam nós as completávamos artesanalmente com bonequinhos de argila. Tinha também de haver um laguinho onde nadavam patos e cisnes, que se fazia com um pedaço de espelho quebrado. Não importava que os patos fossem maiores que os elefantes. No mundo mágico tudo é possível. Era uma cena “naif”. Um presépio verdadeiro tem de ser infantil.
E as figuras mais desproporcionais nessa cena tranqüila éramos nós mesmos. Porque, se construímos o presépio, era porque nós mesmos gostaríamos de estar dentro da cena. Não era possível estar dentro da árvore de Natal... Éramos adoradores do Menino, juntamente com os bichos, as estrelas, os reis e os pastores.
Será que essa história aconteceu de verdade? Foi daquele jeito descrito pelas Escrituras Sagradas? As crianças sabem que isso é irrelevante. Elas ouvem a história e a história acontece de novo. Não querem explicações. Não querem interpretações. A beleza da estória lhes basta. O belo é verdadeiro. Os teólogos que fiquem longe do presépio. Suas interpretações complicam o mundo.
A saudade nos enche a alma. O presépio nos faz querer “voltar para lá, para aquele lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Estamos encantados. Adivinhamos que o nosso mundo é um outro...” (Octávio Paz)"

(O presépio - Rubem Alves)

 


Quando penso em Natal, não consigo não pensar em família. Não consigo não resgatar minhas memórias de criança, do tempo em que o Natal demorava tanto pra chegar e que era uma festa carregada de magia.
Hoje o Natal chega rapidinho. Tão rapidinho que no dia 24, a tarde, eu ainda não sei que roupa vou vestir ou o que eu deixei de fazer no trabalho.
Ser adulto tira um pouco a imagem mágica da festa tão linda que minha mãe me ensinou a cultivar. Lembrar que o menino Salvador nasceu e comemorar que temos uma família e bençãos devida a graça d´Ele.
O que mais me tocou no texto do lindo do Rubem Alves, foi o sentimento de admiração que hoje sinto longe das pessoas em geral.
Lembro que na casa da minha bisavó tinha todo ano um presépio lindo. E eu achava mesmo que era sagrado. Minha irmã e eu ficávamos paradas, olhando, admirando os boizinhos, as vaquinhas, os reis, as terrinhas feita de pó de serra, e o laguinho que na verdade era um pedaço de espelho.
Teve um ano que eu levei um boizinho embora pra minha casa. Remorso. Roubei uma coisa sagrada. Pedi mil perdões pra Deus, achava que eu ia diretinho pro inferno, e só ia poder devolver o boizinho no ano que vem, no próximo presépio. Que saudade me deu lembrar disso...
Lembrei também da minha tia de criação que montava o presépio. A Maria. Irmã postiça do meu avô... Negra sofrida, que mais parecia uma menina. Era ela a responsável por montar todo ano aquela coisa sagrada.
E hoje, pela primeira vez, em muito tempo, lembrei dela com tanta saudade, com a admiração, com dó. Era uma menina no corpo de uma senhora sofrida. Não teve muitas bonecas, muitos brinquedos... Quando cresceu, não teve muitos namorados. Vivia pra cuidar da minha bisavó. Mas lembro que no "Natar", como ela falava, montar o presépio era um presente pra ela.
Que saudade dela. Do presépio. Do sentimento de ser criança. De valorizar essas pequenas coisas que hoje passo tão batido.
Saudade de admirar e esperar a montagem da árvore de Natal. Minha mãe cada ano monta uma mais bonita. E eu muitas vezes não percebo a beleza disso.
Talvez isso tudo seja causado pela falta de crianças em casa. As crianças iluminam os ambientes e fazem com que os adultos aprendam a ser um pouco mais infantis - e felizes - do que o normal.
Enfim, esta mensagem de Natal ficou mais triste do que eu esperava e queria.
Que na verdade, fique pra cada um a mensagem de se amar um ao outro, e cuidar e valorizar a família. Agradecer ao Deus que nos salvou e nos dá a cada dia um sentido pra viver.
Feliz Natal pra todos!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A gente leva da vida a vida que a gente leva

"O que vale mais a pena - colocar mais vida em nossos anos ou mais anos em nossas vidas"? (Eduardo Giannetti)

Ao ler esta frase me peguei pensando em quantos anos eu tenho colocado em minha vida sem significado algum. Quantas tardes perdidas no desespero, na angústia do olhar pro nada. Quantas noites mal dormidas, quantos filmes não vistos, quantos livros não lidos, quantas viagens não feitas, quantos vinhos não degustados na companhia de alguém especial, quantos beijos não dados, quantos abraços não dados, quantas risadas não dadas.
Quanto tudo não feito. Quanto tempo jogado fora.
Fiquei assustada pensando o quanto adio minha felicidade. O quanto eu adio decisões. O quanto eu adio sim´s e não´s. O quanto eu prolongo esperas. O quanto eu me anseio com esperas, o quanto eu me permito ficar nervosa e triste nas esperas, enquanto uma simples decisão poderia mudar tudo. Novo começo ou novo fim. Mas algo novo.
Percebi o quanto rezo menos nestes momentos de angústia. E lembrei de Oscar Wilde com
"Quando os deuses querem nos punir eles atendem as nossas preces"... Será este o medo da oração? Que recebamos exatamente aquilo que pedimos e tenhamos medo de lidar com a dádiva recebida? (mas já falei sobre isso no post anterior...).
Refleti também que estamos sempre perdendo tempo. Mesmo sem querer...

"MINHA FORMAÇÃO filosófica impõe-me o uso preciso das palavras porque as palavras devem revelar o ser. E é assim, usando de forma precisa as palavras, comunico aos meus leitores que ontem, dia 15 de setembro, eu desfiz 75 anos...
Haverá leitores que se apressarão a corrigir meu uso estranho, nunca visto, da palavra "desfazer", atribuindo-o, quem sabe, a um início do mal de Alzheimer. Todo mundo sabe que, para se anunciar um aniversário, o certo é dizer "fiz" tantos anos. No meu caso, "fiz" 75 anos...
Mas o verbo "fazer" sugere algo que aumenta, um crescimento do ser, o artista e o artesão "fazem"...
Mas, que ser aumenta com a passagem do tempo, esse monstro que devora os seus filhos? O que aumenta é o vazio. Esses anos que o aniversariante distraído anuncia como anos que ele fez são, precisamente, os anos que ele desfez, o tempo que já passou, que deixou de ser, os anos que o tempo devorou.
Por isso acho um equívoco filosófico perguntar a alguém: "Quantos anos você tem?". O certo seria perguntar "quantos anos você não tem?". E ela responderia "não tenho 42 anos", "não tenho 28 anos". Porque esse número de anos indica precisamente os anos que ela não tem mais. Nos aniversários, então, a maneira correta de se dirigir ao aniversariante é perguntando-lhe "quantos anos você está desfazendo hoje?" (Rubem Alves)

Enquanto desfazemos anos, que saibamos acrescentar valores. Dar Siginificado ao tempo que nos passa, ou que passa por nós. Que saibamos desfrutar de verdade do sentido da alegria, da felicidade, do amor. Pois no fringir dos ovos, o que a gente leva da vida é a vida que a gente leva...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O pós

Quando nos deparamos por alguma coisa muito importante, complicada, desejada tentamos, desejamos, arquitetamos, respondemos, brigamos, lutamos, aceitamos e muitas vezes perdemos. 
E lidar com isso não é fácil.
Mas muitas vezes, graças a Deus, recebemos a graça... Passamos por algo tão tumultuado, tão sofrido, tão árduo e as vezes temos a graça de poder receber o presente que tanto queríamos. E quando a gente recebe é estranho. Depois de tudo? Como que se age "de boa", tranquila, coerente com aquela situação de presente ganho?
Se age com cuidado, afinal era o presente que mais se queria. Se age com admiração, afinal você pensa: agora é pra valer! Vai ser! Se age desconfiada, afinal você pensa: será que agora vai?
É tudo estranho porque se faz muitas projeções de como seria a coisa ganha. E quando acontece ela é simples. Mais simples do que se pensava. Mais tranquila. E se adaptar com a coisa tranquila depois de tanta guerra é no mínimo diferente.
Mas no fundo, se sente paz.
Se sente uma certa desconfiança: era isso então?
Mas se sente uma certeza que pode dar certo.
Porque durante todo o tempo do "quase", do "será" você viveu aquilo. Você sentiu e quis aquilo. E mais feliz ainda é quando você percebe que aquilo tanto que você queria era realmente bom. Era como se esperava. Era como costumava ser enquanto não era. Trazia alegrias simples, trazia contentamento, trazia paz. Paz. Quando se está com aquilo, aquele, aquela que te traz paz, risos, confiança, harmonia, não se pode desejar mais nada.

Enfim então o que você rezou, sempre pediu, sempre quis, está nas mãos para ser cuidado, preservado, alimentado.
Pra sempre, espera-se que sim.
Eterno enquanto dure. Que dure sempre. 
Estranho começar a agir com atitude de quem agora é ou tem. Não tem regras. Basta ser simples, coerente, autêntico. Acho que recebemos aquilo que queremos porque aquele que vem nos gosta como somos e vice-versa. Não precisa mudar. Só se melhora. Não se muda. E assim é. E assim vai... E assim o complexo pode ser simples e delicioso... E trazer paz...
Tudo que eu mais queria... Paz! 
Sentir, dar e receber amor... Belas novidades. Sempre bem vindas...

domingo, 10 de novembro de 2013

Voando

Quando lembrei de olhar meu blog, percebi que há mais de um mês não apareço por aqui.
Mas como assim passou tanto tempo?
Quem autorizou 2013 passar voando assim?
Eu não vi os meses se passando e não me lembro onde eu estava na Pascoa, Dia do Trabalho, Meu aniversário, 09 de julho. Isso é louco. Estranho. E já é novembro.
E tanta coisa aconteceu e mudou neste ano. E ao mesmo tempo um ano onde tudo pareceu se arrastar.
Medo... Estranho olhar e ver que daqui uns dias já é Natal. E ano novo. E existem coisas ainda pra se resolverem... Coisas que sempre deixamos pra trás. 
Será que deixar coisas sem resolver é a fuga que buscamos para manter o comodismo que julgamos saudável ter?
Acredito que sim. Neste ano de mudanças tão grandes pra mim, descobri que morro de medo de mudanças. Morro de medo de partidas. Morro de medo de despedidas. Morro de medo de começar de novo. 
Hoje o tempo foi bondoso comigo. No mesmo dia pude ver todas as pessoas que são importantes pra mim. Fazer as coisas que me agradam, cuidar de mim. Descansar. 
Dar e receber carinho. Cozinhar. Escrever. Comprar. Ouvir música. Arrumar a casa. Pensar em viagem. Pensar na vida. A toa.
Não sei, mas estava sentindo falta de mim.
Acho que quando estou mais comigo acabo conseguindo pensar mais nas coisas. Nas escolhas que faço. Penso mais no que está errado. No que pode ser certo. No que é. No que não é. No que não vai ser.
E aí, agora que já escrevi e divaguei sobre tudo, lembrei que eu queria falar sobre o absurdo da morte do menino Joaquim, de Ribeirão Preto. E aí lembrei que não ando conseguindo mais pensar em coisas ruins.
E será que tá certo isso? Empurrar pra depois as coisas que a gente devia resolver já?

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Livros...

"Havia uma coleção de livros que eu cobiçava: "O tesouro da juventude". Quem tinha "O tesouro da juventude" era a dona Lilisa, aquela que ganhou 250 gramas de açucar. Quando a visitávamos, eu deixava os adultos conversando na sala de visitas e ia ler "O tesouro". Era um tipo de enciclopédia onde se encontrava de tudo. Um bufê de prazeres. Em qualquer página que se abrisse lá se encontrava um assombro. Mas era muito caro. Meu pai não podia. Nunca tive "O tesouro". Como nunca tive nem velocípede nem bicicleta. Até hoje não sei andar de bicicleta. Quem sabe, diz: "É só montar e sair pedalando". Eu sei fazer isso. De qualquer forma, andar de bicicleta para mim é como montar um cavalo bravo. Nunca sei que idéias ela tem, nunca sei o que ela vai fazer comigo. Agora é tarde demais pra aprender. Não posso tomar o risco de quebrar a bacia... Mas se eu encontrar um "O tesouro da juventude" num sebo eu compro, embora tudo o que está lá deva estar ultrapassado. Compro para realizar um desejo infantil. Mas, se encontrar uma bicicleta, eu não compro." (Rubem Alves)

Assim que li este texto, lembrei de mim, pequenininha, indo na casa da vó Diva. Lá tinha uma estantinha de livros que era meu paraíso. Eu largava os adultos na sala, e ia me sentar encostada na estante vendo quais livros eu ia ler.
A vó Diva até separou alguns que eu podia estragar, escrever, desenhar... Mas era uma enciclopédia velha, que ensinava tudo errado, segundo ela. A Barsa eu não podia estragar não. Era pra usar pra trabalho da escola.
Aprendi a gostar de ler com gibis e com os livros lindos e encantados que a vó Inge me dava e com a vó Amália que me ensinou a ler, de tanto que eu enchia a paciência dela pra ler as coisas pra mim... Minhas avós tem toda a culpa de eu ser apaixonada por livros...
Mas voltando à estante da Vó Diva, eu me deliciava mesmo era nos livros de história.
Chorei como louca no "Meu pé de laranja lima", do José Mauro de Vasconcelos. Aliás, nunca entendi porquê ninguém conhecia muito este autor. Tão bom... "Coração de Vidro", "O palácio Japonês", "Rosinha, minha canoa"... Tão lindos...
E tinha a coleção Ediouro... "Juca Mulato", poesias de Manuel Bandeira... Eu gostava mesmo era do livro de poesias do Guilherme de Almeida... Cheguei a decorar:




E "A Moreninha"? Meu primeiro romance... Ai que delícia ler aquele livro. Que dor que me dá saber que nunca mais vou ler este livro com tanta ansiedade e sem saber o final... Aquela sensação que senti da primeira vez que li foi a coisa mais linda que me lembro da época de leitura. Parecida com a que senti quando li "Senhora", do meu adorado José de Alencar. E a coleção do Machado de Assis? Era meu sonho. Acabei ganhando a coleção do Jorge Amado, quando a vó diva morreu. Mas eu não gosto de Jorge Amado. Só guardo por que era da vó.
A maioria dos livros eu lia ali, sentadinha no chão mesmo. Quando cresci um pouquinho a vó Diva deixava eu levar pra casa. Um de cada vez, pra eu não perder. Era tipo uma biblioteca.
O que eu sempre quis e nunca pude ter era a coleção inteira do Monteiro Lobato. Era muito cara. Minha mãe não podia me dar. Mas a vó Amália resolveu rapidinho: me ensinou o caminho do paraíso: Biblioteca!
Eu passava toda semana na biblioteca, pegar alguns livrinhos novos pra semana. Nunca concordei com o prazo de dez dias, e com a quantidade: 3 de cada vez? Nãaaaaooo!
Eu achava tanto livro que queria ler. 3 era muito pouco!
Entre idas e vindas, lá descobri o Marcos Rey. Que animal era ler: "O rapto do garoto de ouro", "Um cadáver ouve rádio", "O Mistério do Cinco Estrelas", "Enigma na televisão", "Um rosto no computador", "O diabo no porta-malas"...

Eu poderia ficar falando dos livros da juventude o dia inteiro. Que delícia!
E vocês do que lembram mais de terem lido e gostado quando eram crianças?

domingo, 15 de setembro de 2013

Longe

Longe...
Quando você fica mais longe de tudo, você muda o seu ângulo de visão de tudo.
Quando este distanciamento é involuntário, você reflete também o que isso pode trazer de crescimento ou simplesmente de acréscimo pra sua vida.
E traz.
Se você consegue aproveitar esta situação ou ao menos se dispor a aprender com ela, sem se preocupar em entender tantos porquês: de estar longe, de ter que ir, de querer voltar, de precisar voltar, de não poder voltar... Se você apenas se der a oportunidade de abstrair de tudo e tentar se render ao que ficou diante de você, quem sabe esta situação pode te surpreender:
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” (Clarice Lispector)
Ficar sozinho, conversar consigo mesmo. Ser sua melhor companhia. Se irritar consigo mesmo. Sentir saudade. Querer estar perto daquilo que é o que se entende seu. Ter medo da distância. Ter medo de possíveis mudanças. Ter medo de que o tempo longe mude o que era antes, quando você enfim retorna ao que era seu.
E o que era seu realmente? Como saber se o que você deixa por alguns momentos, e pensa que é seu, é de fato seu? Sempre que penso nisso lembro dessa frase:
"Amo a liberdade, por isso as coisas que amo deixo-as livres. Se voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as tive." (Bob Marley)
E é a pura verdade. Adiantaria cuidar de perto da menina dos seus olhos, se ela estivesse destinada a ser a menina dos olhos de outra pessoa? Adiantaria não se ausentar do seu posto por medo de perder espaço, se o seu posto não fosse efetivamente e seu e se a você estivesse algum posto muito melhor a espera?
As pessoas pensam que podem controlar as coisas. Podem induzir acontecimentos, prever futuros. E isso é ilusão. Podem ao máximo lutar pelo que querem, demonstrarem real interesse, cuidar perto ou longe. Mas o que de fato tem que ser acontece, querendo ou não.
E lidar com isso é o grande desafio da vida. Saber aceitar perdas, saber lidar com derrotas. Saber se adaptar com mudanças repentinas, ou com coisas que acontecem diferentes do que tínhamos pensado.
É a transitoriedade das coisas.
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” (Fernando Teixeira de Andrade)
As travessias nos trazem surpresas. Podemos transitar por distâncias muito longas e chegarmos de volta ao mesmo lugar. O retorno pode ser ao mesmo lugar, mas com boas diferenças. Ou péssimas mudanças. O retorno pode trazer a dádiva do reconhecimento: as vezes, só damos valor às coisas quando ficamos sem elas... e a chance de recuperar algo perdido pode dar outro sentimento e ação ao que importa, no momento da volta.
O retorno pode também não acontecer. Pode ser que se vá à direção oposta. Ao novo. Ao que nunca se viu. Ao que se viu e não se queria. As coisas normalmente saem do controle.
Coragem mesmo é gostar de mudanças: "As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem." (Chico Buarque)
Saber conviver já pode ser um começo. Mas, confesso: Voltar pro que tanto se gosta é uma das coisas mais deliciosas do mundo.

Bom fim de semana pra todos

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Ms Brightside

Sempre tento tirar lições de tudo. Ter sempre uma visão otimista e acabo me perguntando se faço isso pra me enganar ou se realmente penso isso.
Tenho muita resignação e desejo de me tornar mais afável nesta área mais percebo que o medo muitas vezes lança fora a semente da esperança ou a crença em que tudo pode dar certo.
Como é sofrível temer a tudo. Medo de ser, de não ser, de ir, de ficar, de tentar, de desistir. Medo de falar. Medo de mostrar fraquezas. Medo de mostrar uma força tão grande que não existe. 

Rubem Alves, sempre aqui, diz que o "otimismo tem suas raízes no tempo; a esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo”.

Será que me apego demais ou de menos ao morango no abismo? É uma linha tão tênue entre meu medo, meu otimismo, minha esperança.

Eu queria é aprender sempre a melhorar minha visão... "Há muitas pessoas que têm visão perfeita e nada vêem... O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido!" (Rubem Alves - de novo). Aprender a ver o que está diante de mim. A não duvidar. A acreditar. A ser real. A não fantasiar. A não dramatizar. Aprender a ver o que vale a pena. Aprender que não devia focar e ver só o lado ruim de tudo, como sempre faço. Aprender a ter coragem de viver e merecer o melhor. O bom. Tenho direito e mereço sim o que é bom. E se alcançar este bem, mereço aprender a cuidar e a cada vez mais merecer este bem e não ter medo de perder um bem, tornando-o um mal.

Medo. Meu otimismo, minha esperança ainda esbarram no medo. 
Medo. Do que especificamente? De mudar? De perder? De ganhar? De ser? De fazer? De chorar? De sorrir? De entristecer? Ou o pior medo é o medo de ser feliz?
Dizem que a pessoa que nasce sem enxergar, tem sim uma vida restrita, mas que aquele que perdeu sua visão depois de enxergar perfeitamente sofre uma das mais duras das penas: ser privado de uma alegria. Seria o medo de ser privado de algo o algoz de tanta gente e de tanta coisa?

Que consigamos aquecer nosso coração. “Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração” (Rubem Alves). Quero isso pra mim. Ser contagiada pelas coisas boas que vemos, que sintimos, que vivemos. NÃo duvidar. E se por acaso o que notarmos a nossa volta forem coisas "secas" e tristes, que consigamos tirar de dentro de nós alguma força para que borbulhe de dentro um novo fôlego, a cada vez que precisarmos.

Camus sabia o que era esperança. “E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão invencível…” 
Que este verão invencível nos permita fazer escolhas corajosas e melhor: que saibamos viver corajosamente, de um modo que valha a pena ter trilhado o caminho que trilhamos.

E você? Precisando de otimismo, esperança, coragem ou apenas querendo merecer o fruto da sua escolha?

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Partículas no tempo


Quando eu vi o filme Medianeras fiquei com muita vontade de conhecer certos lugares de Buenos Aires não pelo turismo em si, mas pra tentar ver se sentiria coisas parecidas com o que o filme mostrava no momento.
E um dos lugares que eu fiquei muito feliz de ter estado foi o Planetário Galileu Galilei, porque, pra começar eu não entendo nada de astros, estrelas, cometas, planetas e foi muito legal aprender sobre isso, mas também por que enquanto eu fiquei lá, sentada tipo como num cinema, olhando as estrelas eu senti tanta coisa boa, diferente, estranha.
Comecei a pensar no quanto a gente torna nossos problemas pesados, nossas dúvidas emblemáticas, nossos medos donos de nossas vidas.
Comecei a pensar que eu tão pequena aqui, não tenho o direito de complicar as coisas dentro de um universo que é tão bem feito, tão meticulosamente feito pra funcionar.
Que direito tenho eu de querer o caminho mais difícil, mais tortuoso, mais sofredor, se o que tenho na outra mão é um caminho tão cheio de paz, de alegria, de recompensa?
Quão difícil pode ser corrigir o que tá errado? Lutar pra tentar aquilo que se quer? Desistir daquilo que se quer quando aquilo só te trouxer tristezas? Abrir mão do que te faz sofrer? Abrir a mente pro novo? Dar uma chance pra coisas boas entrarem em sua vida?
Será que está mesmo tudo premeditado? O destino já está escrito? Somos marionetes apenas desempenhando nosso papel? Temos poder de escolha? O que eu posso decidir da minha vida enquanto ela tem pendências com outras vidas, lugares, fatos...
Não sei.
Olhar as estrelas mais de perto, no Planetário, me mostrou também que eu tenho medo. Tenho medo do que eu penso. Do que eu penso que penso. Tenho medo do que decido. Tenho medo do que não decido. Tenho medo de ficar. Tenho medo de ir. Tenho medo do sol parar de brilhar, como o filme das estrelas, apresentado no Planetário dizia que aconteceria. Sou tão pequena. Somos tão pequenos. Quem nos acode na hora deste medo?
Deus. Nossa família. Nossos amigos. Os anjos que Deus nos envia em forma de gente que a gente nunca devia deixar sair de perto da gente. E a gente sempre deixa toda essa gente ir embora em algum momento da vida. E por quê? Por quê ir embora quando se quer ficar? Por quê ficar quando se quer ir?
Por que complicar tanto tudo o que é pra ser tão fácil?
Quando se cresce e se para de fazer isso, num ciclo vicioso de erros que só fazem sofrer?
Perguntas que só precisariam de respostas tão simples. Perguntas que nem deveriam ser feitas de tão óbvias que são.

"What if there was no light
Nothing wrong nothing right
What if there was no time
And no reason or rhyme (...)
What if I got it wrong
And no poem or song

Could put right what I got wrong (...)
Every step that you take
Could be your biggest mistake
It could bend or it could break

That's the risk that you take" (Coldplay - What If)

E se, né? 

Muitos acreditam na oração, na fé. Outros, no nada. Muitos na astrologia. 
Horóscopo. Se teu horóscopo te dissesse que hoje o problema de sua vida seria resolvido, você acreditaria e esperaria que ele se resolvesse sozinho ou você se motivaria pelo que leu e iria resolvê-lo? E aí valeria o que seu horóscopo disse ou seria um efeito placebo master blaster envolvente?

Por isso prefiro acreditar na fé. Na sensação de que estou tentando fazer o melhor, apesar de nem sempre fazer o melhor. 

O bom é ter algo em que se acreditar. Até sofrer fica mais reconfortante tendo alguém ou Alguém por perto.

Boa semana povo :)

domingo, 28 de julho de 2013

Franciscos

Difícil deixar passar o assunto Papa Francisco no Brasil. Até porque, independente da religião, o papa conquistou ao menos o respeito de todas as pessoas.
Simples, acessível, disponível, humilde se aproxima daquilo que pensamos ser o ideal para um líder religioso e até mesmo pra nós mesmos, por quê não.
Não quero falar da Jornada da Juventude e sim recordar algumas frases dele, em sua visita no Brasil.

“Penso que temos que dar testemunho de uma certa simplicidade - eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração magoado quando nós,  as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro.” 

Demorou, mas o Vaticano enfim deu o título mais alto da religião a um franciscano. O voto de pobreza traz a coerência de volta ao círculo da religião. Como ajudar aos mais pobres, ostentando tanta riqueza, tanto poder? Como estar próximo dos ensinamentos de Jesus, se o mesmo diz: "Mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus" e a própria igreja se manter tão distante e presa nos valores materiais?

“Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados.”

Embora o "não saber" sobre o por que do protesto dos jovens, o papa talvez busque a reflexão dos jovens neste assunto. Por quê você está protestando? Qual a razão que te leva a rua? Qual a sua causa?
Enaltecer o inconformismo na busca de algo melhor ou supostamente mais justo é o caminho da evolução que tanto buscamos. Não? 

"Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Efésios 4:14"

Meninos inconstantes precisam de maturidade para decidir, aceitar, lutar, viver, melhorar quaisquer realidades enfrentadas. Encorajar a juventude e as pessoas de modo geral a não aceitarem mais qualquer atitude que lhes é oferecida é uma das atitudes mais formidáveis que um homem na posição de Francisco pode fazer pelo bem maior.

Ser inconformista não é ser chato. Não é ser revoltado. É ser consciente do bem estar coletivo e seu próprio. É cuidar do próximo. É ter amor ao próximo. É viver sem simplesmente existir.

A entrevista toda do papa para o Fantástico está aqui. Vale a pena assistir. E fatalmente, acabo relacionamento o codinome escolhido pelo Papa, Francisco, e me lembro de outro Francisco, com princípios parecidos ao do Papa, e com ensinamentos grandiosos também... Nosso Chico Xavier.

Ensinamentos lindos e extensos. Grande bibliografia, falta de reconhecimento do santo que tentava trazer o bem e ensinar o bem.

Separei algumas frases que eu gosto muito e convido quem não o conhece a ler mais sobre este homem do bem, que, independente da religião de cada um, trouxe ensinamentos de amor ao próximo e simplicidade. Muito semelhantes ao do Papa Francisco.

"Se tiver que amar, ame hoje. Se tiver que sorrir, sorria hoje. Se tiver que chorar, chore hoje. Pois o importante é viver hoje. O ontem já foi e o amanhã talvez não venha."

"Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar."

"Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós!"

"A sabedoria superior tolera, a inferior julga; a superior perdoa, a inferior condena. Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!"

"Na vida, não vale tanto o 
que temos, nem tanto importa o que somos. 
Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós!"

"Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão."

Boa semana pra gente! :)


sábado, 20 de julho de 2013

Tempo



Queria ter mais tempo pra ter tempo de outras coisas.
Tempo pra me cuidar, tempo pra cuidar de quem gosto, tempo pra perder tempo com meus filmes, livros, bugingangas. Tempo pra gastar como eu quiser.
Queria ter mais tempo, pra não precisar ser tão imediatista, pra não querer tudo com tanta urgência. Queria ter mais tempo para poder ter mais leveza na minha vida.
Queria ter mais tempo pra dormir. Queria ter mais tempo pra viajar. Queria ter mais tempo pra mim.
Pra variar, meu Rubem Alves fala algo que me toca: "Mas é preciso escolher. Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo. Não poderei escutar todas as músicas que desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei abraçar todas as pessoas que desejo. É necessário aprender a arte de “abrir mão” – a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial."
E como saber o que é o essencial? Essencial é aquilo que te faz bem e que precisa de você para estar bem. Família, amigos e todos aqueles que amamos. 
Hoje o essencial foi me perder no tempo com as amigas mais incríveis que se pode ter. Conversar filosofando, questionar valores, histórias, pessoas, verdades, mentiras. Essencial esse tempo, ainda mais hoje, Dia do amigo.
Essencial meu esporte, que me liberta, me tranquiliza, me faz relaxar, me faz pensar, melhora minha saúde.
Essencial minha família que é meu tudo, que me deixa maluca, mas é aquilo que eu amo.
Essencial é tudo aquilo que me faz bem, me faz melhor. 
(...) 
Essencial é Deus, guiando tudo, cuidando de tudo.
E com todo este conceito inacabado de essencial, porque não cabe tudo isso dentro do tempo? 
Por quê o tempo que eu quero ter acabo não tendo? Por quê passo mais tempo trabalhando do que com aqueles que eu amo? (nada contra trabalhar... questiono aqui a divisão não igualitária do tempo pras coisas essenciais - e sim trabalho é essencial: Dignifica o homem!)
Eu percebo que a falta de tempo me deixa ansiosa, me deixa nervosa.
Hoje pensei o quanto o tempo está passando, quantas coisas quero fazer e quantas coisas precisam ser feitas num curto espaço de tempo. E quanto muito provavelmente não conseguirem fazer. E o quanto eu não deveria me preocupar com isso tudo.
Chave da felicidade será? Não pensar tanto quanto eu penso, em tudo?
Não sei lidar com o tempo. Desde com a falta de tempo pra tudo, com o tempo que não passa quando quero muito alguma coisa, com o tempo de chuva quando quero andar de bicicleta, com o tempo de sol que não vem quando estou na praia, com o tempo do relógio de sexta-feira que não passa ou anda pra trás antes de sairmos do trabalho. Com o tempo que tenho que esperar pra voltar a fazer as coisas que gosto, enquanto meu pé está sarando. Com o tempo que demora pro meu aniversário chegar: está cada vez mais rápido - por favor, Tempo, passe devagar para isso...
Tem tanta coisa pra falar sobre o tempo... Desde Chronos, que na mitologia grega, era a personificação do tempo, até os outros conceitos para o tempo: enquanto Chronos referia-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que podia ser medido, Kairos referia-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontecia, "Aion" já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passavam cronologicamente, onde na teologia moderna é o tempo de Deus.
Bonito isso né? 
Nem dá pra saber sobre qual tempo eu estava refletindo no início do tempo. Só sei que agora espero um Kairos, que virá com certeza em um Aion, dentro do Chronos.

Poético isso, não?
Boa semana pra todo mundo, com mais tempo! 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Com quem você quer envelhecer?


Eu nunca tinha pensado nisso. Com quem eu quero envelhecer? Mas alguém me perguntou isso e eu não soube responder na hora. Mas fiquei incomodada pensando tanto nisso.
E quis, tentar, saber responder isso.

Primeiro, pensei no que seria envelhecer. Sim, ficar velho. Mas o que mais? Ter uma menor mobilidade, ter menos disposição, ter mais tempo, ter mais doenças talvez, ter mais sabedoria, ter menos paciência, ter uma aparência pior do que a de hoje talvez? Ver a morte se aproximar e levar pessoas queridas. 

Envelhecer é todo um processo. E ter alguém do meu lado nisso é o que eu mais desejo no mundo. Alguém pra cuidar de mim. Alguém pra eu cuidar. Alguém pra eu ficar conversando nos momentos de ócio. Alguém pra me lembrar de ir no médico, tomar remédio. Alguém pra ver filmes comigo. Alguém pra viajar comigo. Alguém pra almoçar e jantar, quando os filhos já não tiverem mais em casa. Alguém pra estar toda noite me ajudando a esquentar.
Alguém que me ame, apesar das rugas novas. Alguém que lembre o quanto antes eu fui mais bonita, mas que ainda me olhe com o mesmo desejo, amor e cuidado.

Rubem Alves disse "Velhice é quando a gente começa a ser tratado como "objeto de respeito" e não como "objeto do desejo". Mas o que quero não é ser olhado com respeito, mas com desejo..." Quem eu quero pra estar comigo quando eu envelhecer é o meu companheiro de toda a vida, que me olhe sim com o mesmo respeito de sempre, mas que nunca perca o desejo de me amar e fazer feliz.

E como saber quem é a pessoa com quem eu quero envelhecer?

 


 

Posso não saber quem é, mas sei o que deve ou deveria ter. 
Alguém que goste de coisas parecidas com as quais eu gosto. Alguém que tenha os mesmos defeitos. Alguém que possa ficar deitado sem fazer nada, só conversando, ou mostrando bobeiras no computador ou na TV. 
Alguém que me admire. Não só fisicamente, mas alguém que eu saiba e sinta que tenha um certo orgulho ou prazer de me ver como eu sou. Aliás, alguém com quem eu possa me soltar e ser como sou. Alguém que eu tenha liberdade pra contar meus medos, chorar, ficar com o nariz vermelho e inchado e não me importar com isso.
Alguém que faça bem apenas com uma mensagem de bom dia, com uma ligação inesperada. Alguém que só por estar ao me lado me traga paz. Alguém que acelere meu coração quando está para vir, que me faça tremer com um simples beijo mas que me encha de paz. Complexo pensar na adrenalina que traz paz. Mas a pessoa que eu quero envelhecer terá isso.


Alguém que quando eu perco por um instante, perco a paz também. "É tão ruim, não tem sentido, prazer, não há nada", como diria Lobão.
Alguém que consiga me dar um golpe de alegria e estímulo quando eu estiver triste. Alguém que se preocupe com os meu problemas. Alguém que me ajude. Alguém que queira de verdade me ajudar.
Alguém que não esteja ocupado em me mudar. Alguém que me ame como eu sou. Cheia de defeitos. Alguém que me respeite.
Alguém que "conforte a minha dor com atenção", como diriam os Detonautas. Alguém quem seja meu esconderijo, meu refúgio, meu momento de prazer e calma.
Alguém que "quando o tempo fecha e o céu quer desabar, perto do limite difícil de aguentar... Aí eu volto pra casa e te peço pra ficar... Em silêncio, só ficar...", como cantaria Humberto Gessinger.
Alguém com quem eu possa falar absurdos, coisas sem lógica, "falar da cor dos temporais, do céu azul, das flores de abril, pensar além do bem e do mal, lembrar de coisas que ninguém viu", como diria MIlton Nascimento ou "contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis... Alguém que eu possa tirar a roupa e fazer o que eu quiser" como canta o Jota Quest.
Alguém que com um simples beijo ou um abraço, ou até mesmo um olhar, de longe, queime o meu coração. Alguém que não deixe os meus olhos mentirem, nem fugirem.
Alguém que se, não estiver perto, faça tanta falta, que aperte o peito, tire a fome e o sono. Mas que quando volte, faça bem. 
Alguém que vire motivo e tema de todas as letras de músicas. Alguém que faça as melodias até doerem por dentro. 


Alguém que as vezes leve embora meu juízo e me faça cometer algumas loucuras. 
Alguém que quando está ao meu lado eu perceba o quanto é simples amar. Alguém que mereça este amor que eu nunca soube dar.
Alguém que eu ache lindo mesmo com todos os defeitos. Alguém que seja o mais atraente pra mim. E alguém que goste do meu nariz grande, da orelha torta e da minha monocova. 
Alguém que me ache linda até chorando. 
Alguém que me faça ter vontade de ter uma família, ter filhos, cuidar.
E como cantariam os Semisonics, alguém que quando eu souber quem seja, eu possa dizer com certeza que eu já sei quem é a pessoa que eu quero que me leve pra casa... E cantarei contente o refrão mais fofo do mundo: "I know who I want to take me home..."


E você, sabe responder de pronto, com quem você quer envelhecer?

domingo, 30 de junho de 2013

Medianeras *


Como prometido, vou escrever um pouquinho sobre um filme lindo que eu vi, e que me deixou encantada: Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual.

O filme é todo intimista e acho que vai ser 8 ou 80. Ou você vai amá-lo ou odiá-lo. Eu amei! 

Quis vê-lo porquê vou novamente pra Buenos Aires (aqui uma postagem especial sobre a cidade!) e o filme mostra uma Buenos Aires bem detalhada e na visão de moradores de lá! Só de mostrar a cidade de um outro ângulo, citar alguns pontos turísticos famosos, tentar explicar as construções e sua falta de padrão e modelo estético arquitetônico, de explicar o que são as Medianeras (fundamental na beleza metafórica do filme), e de citar "o que se pode esperar de uma cidade que virou as costas pro seu rio?", só disso tudo, já valeria a pena você assistir. A arquitetura portenha aparece como uma vilã e como metáfora de isolamento e falta de comunicação.


Estou convencido de que as separações, os divórcios, a violência familiar, o excesso de canais a cabo, a falta de comunicação, a falta de desejo, a apatia, a depressão, o suicídio, as neuroses,os ataques de pânico, a obesidade, as contraturas, a inseguridade, a hipocondria, o estresse e o sedentarismo são responsabilidade dos arquitetos e da construção civil. Destes males, salvo o suicídio, padeço de todos.” (Frase do Martín - pouco doido?)

"Estes edifícios que se sucedem sem nenhuma lógica demonstram uma total falta de planejamento. Exatamente igual à nossa vida, vamos vivendo sem ter a mínima idéia de como queremos ser. Vivemos como se estivéssemos de passagem por Buenos Aires. Somos os inventores da cultura do inquilino. Os edifícios são cada vez menores, para dar lugar a novos edifícios, menores ainda. Os apartamentos se dividem em ambientes, e vão desde os excepcionais 5 ambientes com varanda, sala de jogos, dependência de empregados, depósito, até a quitinete, ou caixa de sapatos." (Martín again)



Mas não, não fica por aí!
O filme conta a história de Martín e Mariana. Ambos com problemas de relacionamentos, causados por relacionamentos horríveis que tiveram em suas vidas! Não, ninguém tá sofrendo de dor de cotovelo no filme! Não!!!! tão é deprimidos por terem perdido tempos preciosos de suas vidas com pessoas erradas, que não valiam a pena e nem tinham nada a ver com eles. #quemnão?

"Como é possível ser próximo de alguém tão diferente?
É a conclusão estúpida que fica de uma relação de quatro anos (...) Quatro anos são 48 meses... são 1.460 dias... são 35.040 horas com a pessoa errada." (Frase da Mariana)

Martín e Mariana não se conhecem, mas nitidamente foram feitos um para o outro! O legal é que grande parte do filme se passa sem que não haja nenhum contato entre eles, e você sente, a cada minuto, o quanto eles são próximos e parecidos. Gostos semelhantes, comportamentos complementares, angústias e medos familiares. É apaixonante torcer por eles, porque você pensa: Noooooooossaaaaa! tem alguém no mundo que vai entender a loucura dele e vai fazer ele feliz! E não vai criticar, nem querer mudar! Fofo!

E pra variar, essa pessoa tá tão perto, tão na cara, tão literalmente a um clique de você que fica até difícil de aproximar: "Se, mesmo sabendo quem eu procuro, não consigo achar... Como vou achar quem eu procuro se nem sei como é?" (Outra frase da Mariana, sim ela é bem louca, mas fofa!).

Pra saber um pouco mais, a história é narrada por estes dois personagens, que tentam se libertar das amarras da solidão que a cultura virtual e a arquitetura de Buenos Aires acarretaram para portenhos que vivem sozinhos. O diretor do filme, Gustavo Taretto, explica que quis retratar uma solidão que não é dramática, mas "uma solidão a que já estamos acostumados. De todos os dias. Solidão urbana. A solidão que sentimos quando estamos rodeados de desconhecidos"

Olha a carinha dos protagonistas:



E pra quem ficou mais curioso ainda, ta aqui o trailler:



Boa semana pra todo mundo!

Medianeras (ou pared medianera) é nome dado àquelas paredes sem janelas dos edifícios, também chamadas de paredes cegas. Geralmente, são as paredes laterais de um prédio, que, por sua proximidade com o edifício vizinho, não se pode "abrir janelas". Muitas vezes, estes espaços são usados para afixar outdoors ou algum tipo de publicidade. Na Argentina a construção de janelas em paredes medianeras é proibido por lei, ainda assim muitos descumprem a ordem, em busca de mais claridade em seus apartamentos.

domingo, 23 de junho de 2013

Misturando tudo

Seguindo minha promessa de ano novo, outrora descumprida, mas reassumida, tentando escrever semanalmente, como sempre. 
E eu não sei ainda sobre o que quero falar.
Pensei em falar sobre as manifestações. Pensei em falar sobre Limites - o que precisa acontecer pra chegar no meu limite? Pensei em falar sobre fé. Pensei em falar sobre paciência.

Vou falar de tudo.

Começando pelo meu limite e o limite dos outros.
Coisa subjetiva isso.
O que é a gota d'água pra você? Quando é que você decide que não dá mais?
Eu tenho certo problemas com isso. Sempre tenho fé nas coisas. Acho que vai melhorar. Acho que nada é por mal. Enxergo o bem nas pessoas. Demoro a perceber o que diz aquela velha música do Gabriel:

"Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?"

E aí essa música me lembra muito o que tá rolando aí de protestos.
Então eu paro de falar do meu limite subjetivo e falo do social.

"Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Rindo da própria tragédia
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
muda que o medo é um modo de fazer censura"

Deveria ser lindo pra mim, contemplar o que estamos vendo na mídia e no nosso dia a dia.
Mas, não é.
Sério mesmo. Quer protestar, sai pra rua: apoiado. Mas antes saiba pelo que vc ta protestando. Tem mano aí falando fora Dilma e votou nela nas últimas eleições. Tem gente pedindo o fim da corrupção, mas forja atestado, não devolve troco errado, etc. Tem gente que nunca andou de ônibus e sai pra falar de transporte público. Reclamar de gastos com a Copa do Mundo agora? Tinha que reclamar quando foi noticiado que seria aqui. Tenha dó né? O movimento é super legal e tá super forte. Mas a intenção não pode ser passear na rua, nem lotar o facebook de mensaginhas revolucionárias.
Não é isso que é protestar. Tem que ter conteúdo. Tem que saber o que tá fazendo. Não é só ponto de encontro. E isso me preocupa. Será que tanta atenção voltada pra este movimento, vai conseguir trazer frutos positivos? Tomara.

Tenho fé que sim. Fé. Estranho falar de fé. Porque depende do que e em que você tem fé. Fé certa mesmo, só em Deus. Fé em coisas, em partidos políticos e principalmente em pessoas, é muito vão. Acreditar ou por sua confiança em pessoas é estar fadado a decepção e o sofrimento. As pessoas não sentem o mesmo que você, não vivem o mesmo que você, não agem como você e tudo isso só gera decepção, quando o retorno é negativo.
E aí vem a revolta, a tristeza, a melancolia. E a solução? Não sei se tem, mas tem aquilo: saber por ou impor limites. As decepções seriam menores se colocássemos limites para nossa confiança. Se não tivesse acreditado, não teria sofrido. Se ao menos tivesse colocado limites antes de chegar ao limite, estaria sendo mais fácil.
E assim também, se não tivéssemos tanto acreditado que o jeitinho brasileiro daria certo, que os políticos iam acabar saindo da robalheira sozinhos, se tivéssemos colocado como limite, um governo do PT com corrupção e aí tivéssemos dado chances pra alguém novo - Simmm Marina da Silva, sou fã dela - talvez vivêssemos algo diferente hoje.

Ou não, talvez ela tivesse se corrompido também.
Talvez eu esteja exagerando neste momento na falta de fé nas pessoas. 
Culpa dos limites. Não dados.
Ou culpa do domingo, que traz a segunda e complica tudo ainda mais.

Pra terminar, um acorda leão do Foo Fighters. Será que estamos sendo fools ? O best of you está sendo desperdiçado? Vale pras manifestações, pros limites e pra fé...

"I've got a another confession, my friend
I'm no fool
I'm getting tired of starting again
Somewhere new
Were you born to resist or be abused?
I swear I'll never give in
I refuse"


Só não falei sobre paciência. Acho que estou sem ela, hoje. :(
Fé que a semana será boa. 

domingo, 16 de junho de 2013

Quando a hora é a hora?

E então você tem que decidir tanta coisa, tem que saber o que quer, tem que saber escolher, tem que saber como agir com sua escolha, tem que arcar com as consequências, tem que lidar com perdas, tem que lidar com os ganhos.

Seria fácil se pudéssemos prever. Se a gente soubesse que a escolha que tomássemos, que o caminho escolhido fosse só de alegria e gozo. Mas também seria uma escolha confortável, sem riscos e muito provavelmente sem a felicidade da recompensa da escolha pura.

Talvez seja um bem não poder adivinhar e ter de ter a coragem de escolher. Confere à decisão maior direito de colher os frutos dela. Dá um gosto de: Escolhi este caminho e mereço os frutos da alegria desta escolha.

E quando? Quando se sabe que o momento é o certo pra decidir? Tanta coisa que muda, tanto medo que traz, tanta coisa que pode ser errada. Tanta coisa que pode ser certa, tanta alegria que pode vir da mudança, tanta coisa que na verdade era mudança, mas que parece que é natural. Alegria é perceber que algo novo parece ser seu desde há muito tempo, de tanto que faz parte de um pedaço seu. É como se o novo já existisse, dentro de cada um.

O momento? Agora é Cedo ou Tarde demais? Não saber é desconfortante. É sufocante. É pesado. O ruim é ir vendo o tempo passar, arrastando a hora de escolher, a hora de escolher por que porta entrar. 

E talvez seja este o grande sentido da palavra CRESCER. Ter responsabilidade pelas escolhas e ser merecedor do que elas trazem. Decidir por si só. Pensar além do bem e do mal. Deixar o medo pra trás. Olhar com fé para um novo futuro.

Um sinal. Podia haver só um sinal, pra encorajar, motivar. O sinal seria a paz do olhar e do coração? Seria a confiança e o apoio? Seria a coragem que vem em momentos estranhos. 
Como dizia a letra: "toda vez que algo nos falta, o invisível nos salta aos olhos..." (Piano Bar). Quem sabe... 


- Já tentou de olhos fechados?
- Se tudo se resolvesse assim...
(Dialógo do filme Medianeras - Vou escrever sobre ele ainda!!!)

Nada como um chá de camomila num domingo chuvoso, ouvir De Fé (Engenheiros do Hawaii), lembrar que tenho muito mais dúvidas, do que certezas e que hoje, com certeza
eu só tenho uma coisa, e que isso deve bastar pra ter a coragem de agir... cair no sono e esperar que tudo se resolva. Rápido.


"Sempre que eu preciso
Me desconectar
Todos os caminhos
Levam ao mesmo lugar
É meu esconderijo
O meu altar
Quando todo mundo
Quer me crucificar...

Eu só quero estar
Com você!
Ficar com você!...

Quando o tempo fecha
E o céu quer desabar
Perto do limite
Difícil de agüentar
Eu volto prá casa
E te peço prá ficar...
Em silêncio
Só ficar...

Eu tenho muitos amigos
Tenho discos e livros
Mas quando eu mais preciso
Eu só tenho você...

Tenho sorte e juízo
Cartão de crédito
E um imenso disco rígido
Mas quando eu mais preciso
Eu só tenho você
Quando eu mais preciso
Eu só tenho você...

Tenho a consciência em paz
(Só tenho você)
Tenho mais do que eu preciso
(Só tenho você)
Mas, se eu preciso de paz
Eu só tenho você
Tenho muito mais dúvidas
Do que certezas
Hoje, com certeza
Eu só tenho você...

Eu tenho medo de cobras
Já tive medo do escuro
Tenho medo de te perder..."

Gostei de ler o que li aqui no blog da Aline Teles...

sábado, 8 de junho de 2013

Breguices e peculiaridades

Minhas amigas ontem me disseram, espero que tenha sido um elogio, que sou louca e peculiar. Como o assunto era muito abrangente, foquei apenas no aspecto gosto musical neste post.
Claro que eu detesto pagode, sertanejo, funk, axé, forró e sou mais chegada no velho e bom rockzinho, num jazz, num blues e coisas deste tipo. Masssss
Tem algumas coisas que escapam ao controle... E delas que vou falar agora...

Fábio Jr.


Com certeza foi influencia da minha mãe, mas o fato é que eu amo :)
A música acima, O que é que há? é linda e uma das minhas preferidas dele. 
Além dele ser um gato, tem um jeitinho de cantar só dele, uma carinha de coitadinho misturado com safadeza, que deve deixar a maioria das mulheres com vontade de cuidar...
"Telefona! Não deixa que eu fuja... Me ocupa os espaços vazios... Me arranca desta ansiedade..." Não é fofo?

E esta:


Pareço um menino acho que é a favorita deste momento. "Você tem a luz que ilumina o nosso caminho. Depois de você descobri que não sou mais sozinho. Você é o amor que a vida me deu de presente. Sou homem maduro, mas na sua frente, pareço um menino. Você me abraça e a tristeza vai embora. A dor que existe fica da porta pra fora. A gente briga, mas é coisa que acontece, logo o coração esquece, porque a gente se adora..."

Perfeita na voz dele né? A carinha dele... Delícia de cantar, ouvir, pensar, ficar triste, e melhorar, pensando, meu Deus afff que coisa deprimente... 

Amo tudo do Fábio, então nem vou colocar mais músicas dele, senão a breguice fica toda com ele...


Daniel

Lindo, fofo, bom caráter, simpático... Adoro também. É minha exceção sertaneja...


Vida minha é o cúmulo da breguice, da dor de corno. Até as moças dançando no fundo fazem o climax da coisa piegas. Mas eu gosto. Ai Jesus amado, descendo até o fundo do poço. "Olha, lá vem o sol, Vai chegar novo dia, Lá vou eu inventar esperanças de novo..."

Voz tão linda dele, né?


Só seu amor não vai embora talvez ganhe o prêmio da top lamentação. Mas é gostosinha de ouvir e cantar. E aí com o adicional do Rick e Renner que ferra de vez com qualquer bom gosto. Vergonha alheia de mim kkk "Tentei me iludir achando que podia... Esquecer você da noite pro dia... Eu não consegui tá pior agora... Ah! Ah! Só seu amor, Só seu amor não vai embora". Destaque pro Ah! Ah!


Wando
Quando se fala em coisa brega, não tem como deixar o Wando de fora. Não gosto muito dele não, aliás, que Deus o tenha... Mas falar que nunca ninguém se empolgou com o Iá iá meu iô iô, é uma mentira deslavada... Então, tem que aparecer aqui na minha lista...


"Você é luz É raio estrela e luar. Manhã de sol, Meu iaiá, meu ioiô. Você é "sim", E nunca meu "não" "


Fagner 

Outro que não é favorito, mas que me encanta no tour brega é o Fagner. Mais feio do que tudo, canta com sotaque, nem faz cara bonitinha, mas num momento trash, tá no repertório...


Deslizes é fogo... "E como prêmio, Eu recebo o teu abraço. Subornando o meu desejo Tão antigo. E fecho os olhos Para todos os teus passos, Me enganando, Só assim somos amigos... Por quantas vezes, Me dá raiva de querer... Em concordar com tudo Que você me faz. Já fiz de tudo Prá tentar te esquecer, Falta coragem prá dizer Que nunca mais...

Brega, Brega, Brega... Cult de tão brega...



Teria alguns mais... Mas já tá boa a coletânea...
Às vezes sou brega. Canto junto e tudo mais. Mas juro, são só essas, no mais, meu gosto musical é mais legal!

E as suas top bregas, quais são???