segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tchau Jair

Tanta coisa me aconteceu nesses dias que agora cai em mim de que o cara que eu maissssss gostava de ver cantando morreu e eu nem sequer consegui expressar o que o quanto ele era o cara pra mim. 


Poucas vezes vi um intérprete se apoderar tão bem de uma letra, e em Disparada, de Geraldo Vandré, vejo ele mesmo dizendo as frases, tão fortes...

"Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar, eu vivo pra consertar"


Música que relembra a ditadura, mas que hoje, fala tanto comigo. Ver as coisas ruins e me manter forte. Viver pra consertar...

"E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando
As visões se clareando, até que um dia acordei"


Com todo mundo é assim? Viver querendo consertar, até que as visões se clareiem e fatalmente tenhamos que acordar de um sonho?

"Então não pude seguir valente em lugar tenente
E dono de gado e gente, porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente
Se você não concordar, não posso me desculpar
Não canto pra enganar, vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar"


Penso muito na letra como um caso onde se tenta tanto por tanto tempo, passando por cima de tudo, pra seguir um sonho, uma idéia. Mas que em algum momento, por sermos gente, não apenas gado que a gente tange em ferro engorda e mata, temos que acordar e seguir em frente, deixando pra trás aquilo que nos era crucial. E assim é, tentar cantar em outro lugar.

 Voltando ao Jair, penso nele como um cara tão bom, tão bom, que Deus permitiu que se fosse numa calmaria, sem dor, num descanso. Vejo sua família e a admiro. Bases sólidas.


 Letra simples, não sei quem compôs. Mas imagino o seu Jair dizendo isso pra sua Luciana.

"O filho do seu menino ficou rapaz
Garoto de gênio bom e trabalhador
Criado pra ser um homem
Pra ser bom pai tem que ser bom filho
Quem tem palavra é nesse mundo um vencedor

Quem olha só os prazeres que a vida traz
E vive nas entrelinhas dos homens sem raiz
Se enche de amores falsos
Pois hoje em dia tem gente que vive de fantasia
No desespero de ser feliz
"


 E quando penso nessa musiquinha, boba, vejo tantos valores incutidos...
Pra ser um bom pai tem que ser um bom filho. O que é que eu aprendi com meus pais? Dou orgulho ou alegrias a eles? Onde está minha raiz? E pra que eu olharia apenas pros prazeres que a vida traz, sem me apegar a algo mais valioso e eterno?


Em Vaqueiro de Profissão, um pedacinho que fala de mim também:

"Quando eu vejo boi desgarrado
Sinto que todo gado
Escapasse da minha mão
"


Pra que esse controle todo? Quando na verdade não consigo controlar nada. Nem sequer minhas vontades?

Podia ficar aqui falando de tantas que eu amo... Na voz dele...

O cravo e a rosa...


Majestade, o Sabiá... Acho que a letra mais linda de uma canção. Abençoada Roberta Miranda...

O meu mantra de hoje em dia: Tristeza



"Quero de novo cantar
Tristeza, por favor vá embora
Minha alma que chora
Está vendo o meu fim

Fez do meu coração a sua moradia
Já é demais o meu penar
Quero voltar à aquela vida de alegria
Quero de novo cantar
"



E só isso que espero. Voltar àquela vida de alegria... E de novo cantar!


No fim, o que vale é levar o outro mantra:

"Deixa que digam
Que pensem
Que falem
"



segunda-feira, 12 de maio de 2014

Empurrão

Em cima de um muro. Sem saber pra que lado pular. Sem ninguém pra ajudar a decidir. Sem motivos pra ir. Ou pra ficar. Esperar.
Estranhando tudo. A todos.